Senhora da Piedade, desfaz as brumas para que todos conheçam a verdade. Não permitas que se escondam as raízes do mal. Descortina, Mãe, a ganância, a covardia, a negligência e o despreparo. Que as causas da tragédia sejam por todos conhecidas, sem nenhum engano.
Senhora da Piedade, que tomaste o Senhor morto nos braços, ampara as mães que perderam os filhos, os filhos que perderam as mães, os pais que procuram seus rebentos, os rebentos que procuram seus pais, os irmãos separados dos irmãos. Torna-nos, ó Mãe, uma só família, como se a casa de cada um estivesse agora coberta pela lama.
Senhora da Piedade, lembra-te agora de todos os mineiros que um dia desbravaram o solo, evangelizaram as crianças, construíram as moradas, lutaram pela liberdade. Quando estiveste no Templo, Simeão disse: “Uma espada traspassará teu coração”. Hoje há uma espada, uma espada de ferro e lama, no coração do povo mineiro. Mostra a eles que depois da sexta-feira da dor há sempre o domingo da ressurreição.
Senhora da Piedade, não nos deixes esquecer que em Deus a misericórdia é tão perfeita e infinita quando a justiça. Que os causadores do mal sejam punidos, um a um, segundo a medida de suas culpas. Piedade é afeição, mas também é dever. E o nosso dever é limpar esse mar de lama. Senhora da Piedade, desfaz as brumas de Brumadinho!